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semasas

mas no processo de crescimento perdêmo-las.

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09.04.17

"Às vezes o amor não acaba, mas a paciência chega ao fim" - by Marcel Camargo


Sem Asas

Encontrei este texto num dos meus devaneios pela net e é tão verdade que me arrepia e só me apetece partilhar aqui. Até poderia ter escrito este texto eu mesma, num dia de inspiração e com muito tempo nas mãos (e litros de lagrimas), mas Marcel Cardoso adiantou-se-me.  Ora entao aqui vai:

 

‘’Encontrar o amor não é assim tão dificil, se comparado à árdua tarefa que consiste em mantermos acesa a chama afectiva que nos mantém junto de quem amamos. Após encontrarmos o nosso amor, existe um longo caminho a ser percorrido, para que os sentimentos se fortaleçam e tornem a jornada conjunta repleta de cumplicidade e admiração mútua.

As pessoas vêm de universos diferentes, passaram por vivências próprias, sobreviveram a tempestades únicas e, de repente, precisam confrontar tudo o que são com alguém de fora, precisam tentar harmonizar perspectivas na maioria das vezes dissonantes e distantes, em favor da necessidade de amarem e serem amadas. A paixão chega, arrebata e lança-nos ao encontro de um outro mundo, no qual mergulharemos às cegas, a fim de saciarmos a fome de amor que é tão nossa.

A convivência diária não é fácil, uma vez que o tempo nos mostra e nos desnuda em tudo o que somos, da mesma forma que nos traz as verdades acerca de quem está ali ao nosso lado, mesmo aquelas verdades que nos incomodam. Infelizmente, poucos são os que estão dispostos a arriscar, a sair da sua zona de conforto, a refletir sobre o que eles mesmos e os outros têm feito da vida de modo a poder melhorá-la.

Quem não está disposto a entregar-se totalmente ao outro, tal como o amor requer, acabará fatalmente por dedicar ao outro o mínimo de si mesmo, condenando-o a um vazio solitário provocado por uma presença incompleta. Quem não se entrega totalmente ao amor não abrirá mão de nada, não ouvirá os sussuros da pessoa que se encontra ali ao lado, não olhará fundo nos seus olhos, não sentirá as acelerações do coração que pulsa ali pertinho, não responderá aos desejos, não tocará a pele, não dará enfim, a devida importância a quem esteve sempre a seu lado.

E ninguém há-de suportar indefinidamente o desprezo, a indiferença, a agressividade silenciosa e a companhia vazia de quem um dia lhe prometera amar pelo resto da vida. O amor não aceita falta de respeito, não sobrevive de passado, muito menos se alimenta de esperanças unilaterais e de correspondência nula. Só amor, somente amar, apenas as lembranças daquilo que um dia já foi mas agora não é mais, nada disso será capaz de manter duas pessoas juntas. Porque o amor é paciente, sim, mas tem o limite exato da dignidade que nos sobra ao fim do dia. Nada mais do que isso.’’

Texto de Marcel Camargo

Tirado daqui