23.03.09
Do outro lado do espelho
Sem Asas
A primeira vez que percebi, tinha 16anos e estava empoleirada no alto de um escadote às 7h da manhã pronta a matar uma aranha que se tinha atrevido a entrar no meu quarto (eu não me dou bem com aranhas).
E a partir dai, sempre achei uma segunda (ou terceira) utilidade aos espelhos.
Na primeira vez, do alto dos meus 16 anos (e do escadote), olhei para o meu quarto... através do espelho de parede. De um angulo diferente, o meu quarto pareceu-me também diferente. Bonito, arrumado (naquela ocasião particular) e acolhedor.
Isso levou-me a uma reflexão esmagadora: habituamo-nos demasiado ao que nos rodeia.
é como alguém que vai fazer as compras com um Ferrari - é normal para essa pessoa, visto que é o seu carro, mas toda a gente fica a olhar. Bom, ir às compras com um Ferrari é show-off e estupido, tendo em conta a arrumação que aquela coisa tem. Definitivamente não foi feito para ter dois sacos la dentro plenos de papel-higiénico, pão, cenouras e leite. Não me parece logico.
Levei a imagem longe de mais.
Deixam-me la apanhar o fio à meada.
Habituamo-nos demasiado ao que nos rodeia. E é verdade. Mesmo os amigos, mesmo a familia, mesmo o canario. Mesmo a casa/apartamento. Eu encontei a solução:
Sempre que acho que estou a habituar-me demasiado, paro um instante para olhar do outro lado do espelho. Acho que estou gorda, mas vejo-me plo olhos de outros, e caramba, até que sou atraente (ou então, uma convencidissima de primeira, também pode ser). Quando penso nos aspectos menos positivos do meu mais-que-tudo, paro e olho para ele com olhos de namorada, olhos de mulher. E não é que ha tanta coisa que aprecio nele contra os pequenos nadas...
é uma maneira de ver a vida: o outro lado do espelho. A Alice descobriu antes de mim, uma esperta a moça.
Ter um pouco de imaginação, e ver para la das aparências.